Uma palavra fácil de ser interpretada incorretamente. Afinal, existe mesmo algo que seja incompreensível? Claro que não. Quer dizer, claro que não sabemos. Afinal não temos, nem nunca teremos, conhecimento de tudo o que existe.
Temas como “Deus” ou o “Big Bang”, ou talvez o que havia antes do “começo” de tudo (se é que houve tal começo), serão incompreensíveis? Seriam estes fatos e conceitos impossíveis de serem compreendidos por qualquer mente no universo? Até o momento, não sabemos. Eu prefiro acreditar que não.
Mas por que essa palavra hoje à tona? Simplesmente porque foi essa a essência de uma notícia com a qual entrei em contato hoje. Um evento astronômico bizarro, impensável para os meros mortais como eu, que, neste momento, podemos “ver” mas não compreender. Ao menos não totalmente.
Surge em nossos céus – me refiro a áreas do espaço que estamos monitorando – em 14 de junho de 2015, uma luz absurda. O sistema telescópico automatizado de busca (ASASSN), da universidade de Ohio, dá o alarme: a supernova mais intensa já detectada em toda a história!
Os números são assustadores. Me arrisco a dizer: incompreensíveis. Uma explosão com energia 570 bilhões de vezes superior à do nosso Sol. Isso equivale a cerca de 20 vezes mais que o total emitido por todas as estrelas de nossa galáxia juntas. Consegue abstrair o que seja isso? Tenho certeza que não.
Passou pela sua cabeça o que teria causado uma explosão de tal magnitude? Quais seriam as causas? Talvez não é? Afinal, é uma supernova. Ou pelo menos assim estamos entendendo que seja.
Sabemos que existem alguns tipos de Supernova. Sabemos também que as maiores ocorrem quando estrelas com massas bem superiores à do nosso Sol chegam ao fim de seu combustível nuclear e com isso entram em colapso, com a gravidade chegando ao limite da densidade possível, causando uma explosão descomunal. Esta Supernova da qual estamos falando foi 200 vezes maior que uma Supernova convencional e 3 vezes maior que a antiga recordista.
Então o problema está resolvido: uma estrela inimaginavelmente massiva explodiu e causou essa explosão, certo? Talvez. A verdade é que não sabemos o que causou esse mega-evento cósmico, pois o mesmo superou nossos limites de conhecimento atuais. Assustador, fascinante e animador.
A maioria das pessoas nem mesmo ficará sabendo desse evento. Mas, talvez, algumas pessoas que souberem acabem se perguntando: mas e a Terra? Corremos perigo?
A incrível e assustadora explosão foi captada pelos telescópios da Terra em junho do ano passado. Esse foi o momento em que a luz da explosão chegou até nós. Porém, ela ocorreu há 3,8 bilhões de anos-luz de distância. Isso significa que a luz da explosão viajou pelo espaço durante 3,8 bilhões de anos até chegar por aqui. Significa também que a explosão ocorreu de fato há 3,8 bilhões de anos atrás, quando a Terra ainda era um bebê. A essa distância, não estamos correndo risco algum.
O universo continua nos assustando, nos surpreendendo. E não nos enganemos: “ele” mostra constantemente que somos menos que uma partícula de poeira, cuja existência ainda não passa, e talvez nem passará, de um milésimo de segundo universal. Como sempre, prevalece o assombro e uma sensação de humildade. Mas sobre esta última, a ficha insiste em não cair.