Bactérias extraterrestres

Foi um marketing e tanto. A NASA conseguiu criar uma intensa expectativa nos meios jornalísticos e científicos.

A princípio falou-se que a agência espacial americana teria feito uma nova descoberta sobre evidência de vida extraterrestre. Mas logo as coisas foram ficando mais claras: uma descoberta da astrobiologia que terá impacto na busca de vida fora da Terra.

Qual seria a descoberta? Uma bactéria. Onde? Aqui mesmo, em nosso planeta, mais precisamente num lago da Califórnia.

Mas então, por que o alarde? Por que tanto marketing sobre algo contra o qual lutamos diariamente ao comprar amoxicilina sem receita médica? E o que uma bactéria encontrada num lago da Califórnia teria a ver com extraterrestres verdinhos? A bactéria encontrada no lago da Califórnia indica a existência de uma forma de vida até então desconhecida. Ou seja, vida que, para nós, não poderia ser vida.

Até o momento acreditava-se que todas as formas de vida terrestres processavam apenas os elementos a seguir: carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, enxofre e fósforo. A bactéria encontrada substitui o fósforo pelo venenoso arsênio, que, em tese, não deveria fazer parte da química da vida como a conhecemos.

Em relação ao que entendíamos por vida (vale lembrar que ainda não chegamos a um consenso sobre esse conceito), surge então a primeira exceção à regra. Se não havíamos definido vida ainda de forma definitiva, essa definição agora, momentaneamente, fica mais difícil.

A astrobiologia, ou “exobiologia”, que estuda a origem, evolução, distribuição e o futuro da vida no universo – isso inclui a nós – dá um passo a mais para o aumento da possibilidade de encontrar vida fora da Terra. Quando se trata de vida fora da Terra, o que devemos procurar?

Temos hoje vários desafios que a astrobiologia precisa superar. Um dos principais é justamente saber o que procurar no espaço. Como assim saber o que procurar? Vida é claro. Mas a pergunta que vem a seguir é: que tipo de vida?

Iniciamos nossas buscas procurando sinais de existência de vida semelhante à nossa. E isso não poderia ser diferente pois a vida terrestre, baseada até hoje naqueles seis elementos principais citados anteriormente, é a única que conhecemos e o único referencial de análise e comparação que conhecíamos.

Aí é que entra a importância da descoberta dessa nova forma de vida aqui mesmo na Terra. Com isso percebemos que ainda há muito a descobrir sobre a biosfera oculta em nosso planeta. A vida parece ter se originado não de uma única forma e sim de muitas maneiras diferentes, seguindo trilhas independentes.

Quanto mais abrirmos os olhos para os diferentes arranjos que a vida adotou mais chances teremos também de conseguir identificar evidências de formas de vida extraterrestres quando elas passarem diante de nossos olhos nos exoplanetas já descobertos e ainda por descobrir, além de melhorarmos nossa compreensão de onde realmente viemos.

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