Brasil desligando

Educação? Parada.
Saúde? Parada.
Economia? Não apenas parada, mas em pleno retrocesso.

E a pesquisa científica, fundamental para um país resolver seus problemas? Veja só…

Dos gloriosos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), os supostos “donos da bola” na atual economia mundial, todos (menos nós) investem pesadamente em sua indústria espacial. Eles já sacaram que é assim que podem reduzir a pobreza em seus próprios países, além de projetar seu poderio tecnológico e dar a seus respectivos povos o direito de sonhar com a grandeza. Só aqui o governo ainda não se deu conta de que precisa despertar o “Gigante espacial”.

Vemos nossa querida presidente estrilando sobre espionagem gringa e defendendo a construção de um Satélite Geoestacionário Brasileiro, para que nossas comunicações civis e militares possam ser feitas sem o uso de sistemas estrangeiros. E aí quem a Agência Espacial Brasileira contrata para construí-lo? A empresa europeia Thales Alenia Space, a um custo de R$ 1,3 bilhões. Depois, como reclamar?

Nossos engenheiros no IAE e no INPE vivem de recursos pingados a conta-gotas e de um plano de longo prazo que a cada cinco anos atrasa meia década. Não acredita?

Em 1980, o Brasil havia se determinado a realizar uma Missão Espacial Completa: lançar um satélite nacional, de um centro de lançamentos nacional, com um foguete nacional. Se esse plano tivesse sido executado com determinação e num prazo razoável, poderíamos hoje estar emparelhados com indianos e chineses. Os brasileiros teriam o direito de sonhar em explorar outros mundos e enviar astronautas por seus próprios meios ao espaço. Por que não tem na Agência Espacial Brasileira alguém, agora, neste exato momento, pensando num plano de exploração científica do Sistema Solar? Por que temos lideranças tão cegas?

Optamos, historicamente, pela letargia. Até hoje o plano elementar da Missão Espacial Completa não foi executado. Apenas três tentativas malogradas de levá-lo a termo, em 1997, 1999 e 2003. A última delas, você deve se recordar, foi catastrófica, com um incêndio que matou 21 técnicos e engenheiros em Alcântara. Na ocasião da tragédia, o então presidente Lula havia prometido um novo lançamento em 2006. Estamos em 2014, e nada. Não é à toa que, entre os BRICs, somos hoje os patinhos feios. E pensar que, meros cinco anos atrás, a comunidade internacional imaginava que pudéssemos ser a tábua de salvação do Ocidente em meio à crise econômica mundial…

Ao contrário do que se costuma pensar, a exploração espacial não consome recursos. Ela gera recursos. Estudos nos Estados Unidos mostraram que, para cada US$ 1 investido pelo governo americano em seu programa espacial, a indústria acaba gerando US$ 10 em produtos e serviços de alta tecnologia. Trata-se de um investimento nacional com potencial de 1000% de retorno!

Fonte:

Salvador Nogueira (Folha de São Paulo)

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